Ser mulher em lugares dominados predominantemente por homens não é uma condição, é uma tarefa! Enfrentar costumes preestabelecidos, desafiar uma cultura e atuar na mudança significativa do pensamento vigente de sua época, é o desafio que muitas pessoas encaram na ânsia de ver as futuras gerações vivendo de forma diferente da que encontramos hoje. Digo pessoas porque sei que há homens que reconhecem a diferença e lutam pelas mulheres.
Ser tenista em uma sociedade onde muitas crianças não tem acesso mínimo a alimentação e educação digna, também é um desafio. Participar de um esporte onde é necessário aproximadamente um espaço de 450m2 para se praticar, raquetes de 1000 reais, bolas específicas que se desgastam constantemente, exigem um investimento financeiro alto. E só quem valoriza o tênis se dispõe a pagar essa conta.
Ser mulher e ser tenista, exige uma coragem que vai ser requisitada a cada passo do caminho da estrada do tênis.
“Pegar” uma quadra, e deixar os tenistas homens do clube esperando, desperta comentários maldosos, dispensados de serem relatados aqui.
Deixar os filhos e a casa para fazer aula de tênis geralmente é atividade por “direito” do marido. E quando a mãe quer ser tenista? Ela não pode ir? Tem que fazer a janta? Lavar as roupas?
Tive algumas alunas com filhos pequenos. Na hora da aula, o pai ficava com o bebê. Porém tive muito mais alunos (pais recentes) que reservavam um sagrado horário para o tênis.
Jogar na mesma categoria que os homens? Já despertou brigas entre associados e dirigentes de clubes. Em alguns lugares é normal, em outros, impensável (que constrangimento perder de um ser inferior…).
E as premiações? Bom, pra quem não sabe, é “normal” a premiação das mulheres ser inferior a dos homens nos torneios. Sério?
Não existe diferença
Para alguns, a diferença não existe. Está na cabeça “louca” das feministas que não tem o que fazer…
Para outros há um exagero.
Pra mim, há um enfrentamento, onde o meu trabalho pode servir de exemplo para mostrar que sim, uma mulher pode trabalhar com esportes.
Agradeço aos alunos homens que tive (maioria sempre), pelo respeito e oportunidade de fazer o meu trabalho e provar que posso ser remunerada de forma igualitária pelo mesmo serviço.
Agradeço aos alunos, que mesmo tendo um nível técnico muito elevado, confiaram na minha capacidade de planejar, organizar e executar os treinamentos com o fim de obter o melhor resultado possível da competição. Obrigada, Equipe Masculina da Medicina Botucatu, Bicampeã da Intermed de São Paulo.
Daqui pra frente
Um pai que apoia sua filha para ser uma tenista profissional, vai desejar e entender que as mesmas 8 horas diárias que um menino passa se dedicando a se formar como jogador, são as mesmas exatas 8 horas diárias que uma menina passa para também se formar como jogadora.
Por que a premiação, a remuneração deve ser diferente? Desenha pra mim, por favor. Eu sou mulher.
Esse pai, entende a luta. Entende a desigualdade, e deve lutar pela justiça.
Recentemente, me pronunciei num grupo de whatsapp onde havia a divulgação de um torneio, que premia (e continua premiando) desigualmente as mulheres. Recebi apoio de apenas uma pessoa. Um pai que está apoiando a filha a jogar tênis. Nenhum mulher se pronunciou.
Por um lado, eu acho louvável haver um torneio que premia amadores. Por outro, me encontro na obrigação de me manifestar, pois mulheres com nível equivalente ao dos homens, seguem recebendo menos premiação, e consequentemente menos incentivo para disputar um torneio.
Profissão
Lugar de mulher é na…
Será que um dia alguma geração futura não saberá responder? Eu ainda sei a resposta “certa”, infelizmente, porque aprendi. Mas fiz questão de desaprender. Minha avó me ensinou a desaprender. Minha mãe e minhas tias também.
Separar-se do marido em 1960, criar 7 filhos sem a ajuda do pai, fazer pós-graduação no exterior, precisou coragem. É no exemplo da minha avó que declaro meu apoio a quem precisa de um exemplo pra seguir em frente.
Conclusão
Que as meninas que desejam jogar tênis tenham melhores oportunidades no futuro.
Que as pessoas entendam que podem melhorar as condições de todo mundo, e a cultura de uma sociedade, mudando sua forma de enxergar o que está na nossa frente, no nosso dia-a-dia, na nossa família, dentro das nossas casas.
4 comentários sobre “Tenista e Mulher”
Realmente, sou homem e gostaria muito, mas muito mesmo, que tivéssemos mais mulheres em quadra, pois gosto muito de jogar com mulheres, mas dificilmente encontro alguma disponível para uma partida de simples.
Somos em menor número, mas não em menor qualidade! Kkk Obrigada pelo apoio, Tadeu! Um abraço! Thaís
QUANDO COMECEI A PRATICAR TÊNIS, JÁ NA ADOLESCÊNCIA, SÓ FAZIA AULA E TREINAVA COM MENINOS, ATÉ DE MENOR IDADE QUE EU, HJ JÁ NA FASE ADULTA, CONTINUA A MESMA COISA, POUQUÍSSIMAS MENINAS ADERINDO A PRÁTICA E AOS TORNEIOS; A MAIORES DOS PARCEIROS DE TREINO SÃO HOMENS; NO MEU CLUBE, QUE É PARTICULAR E NÃO DE CAMPO, SOMENTE DUAS QUADRAS DURAS ABERTAS, O INCENTIVO AO ESPORTE É O MÍNIMO POSSÍVEL. TIVE QUE RECORRER A AULAS PARTICULARES PARA OBTER MELHOR RESULTADO NOS TORNEIOS FEDERADOS (COMECEI ESTE ANO) E ESTOU GOSTANDO BASTANTE. NA MINHA EPOCA A ACEITAÇÃO NÃO ERA TÃO BOA EM ACEITAR TORNEIOS MISTOS, AGORA ESTÁ MAIS COMUM POR LÁ, AINDA BEM.
+ MULHERES TENISTAS, POR FAVOR!
PS. GOSTARIA DE SER DESSA TURMA ENOORME DE LINS-SP, SOU DE PIRASSUNUNGA, INFELIZMENTE BEM LONGE.
É normal ter menos mulheres no tênis. Mas podemos treinar e disputar com homens do mesmo jeito. Se você quiser, te adiciono ao grupo de whatsapp dessa galera. Tem mulheres de várias cidades. Esse evento especificamente foi em Lins. Me manda seu número no email thais@euamojogartenis.com.br que eu adiciono vc lá!