Minhas histórias

De PANGARÉ à PRIMEIRA CLASSE

Hoje eu vou contar pra vocês como eu saí de uma jogadora que só tomava bicicleta, e me tornei a primeira do ranking de primeira classe!

Que eu me lembre, quando eu era bem pequena, meu pai levava a gente no clube (eu e minha irmã) pra fazer esportes e passar momentos juntos.

A gente ía na piscina, no parquinho, mas também eu lembro de meu pai brincando com a gente em um paredão que tinha no clube. A raquetinha que a gente usava era de supermercado, bem pequenininha, e tinha um cordao pra colocar na mão, pra não escapar a raquete. A bolinha era branca…

Olha, isso está fazendo entregar minha idade…(sim, no passado as bolinhas eram brancas).

Você já perecebeu que essa história vai longe? Se preferir assistir ao vídeo sobre a minha história no tênis, entra aqui no youtube. Se preferir ler, segue no post!

Minha tia Beth, minha segunda mãe e super apoiadora da minha vida no tênis, deu pra gente umas raquetes, porque ela morou na Suécia e lá era comum jogar tênis e tal, e provavelmente era muito mais barato e fácil comprar equipamentos do que aqui. 

E por incrível que pareça, a minha mãe e minha irmã foram as primeiras a fazer aula de tênis (minha irmã começou com 6 aninhos).

Nessa época eu fazia natação (fiz até os 9 anos) e meu pai jogava futebol e era fanático. Aliás ele jogou desde criança, e jogou no Linense (clube hoje profissional)! Tinha proposta pra jogar exclusivamente, mas por livre e espontânea pressão, optou por trabalhar e não seguir carreira de futebol.

Acho que por isso que ele sempre me apoiou muito no tênis!!

A motivação

Num belo dia de férias, em um hotel-pousada da CPFL (onde meu pai se aposentou), fomos os 4 bater uma bolinha de tênis, já que minha irmã e minha mãe faziam aula, e eu e meu pai gostávamos de esporte.

Foi amor a primeira raquetada!

Eu acredito que a MOTIVAÇÃO pra continuar algo que você já experimentou ou começou, é muito importante.

Se alguém disser pra você que você não leva jeito, que é desengonçado, que não tem capacidade, você corre o risco de acreditar…E desistir de algo que poderia ser uma coisa maravilhosa na sua vida!

No meu caso, eu não me esqueço da frase do meu pai, depois que eu rebati uma bola (sei lá como…): nossa, essa bola nem profissional consegue bater!

kkkkkkk Eu rebati uma bola que passou bem rentinha à rede! 

Olha só que engraçado! Hoje eu ensino meus alunos bem diferente do que aquilo que me motivou a continuar. Passar a bola alta da rede e com segurança vai fazer jogar muito melhor e com menos riscos de errar!

Mas, o mais importante é que tive muita motivação e incentivo de quem eu mais precisava: meu pai.

Aulas de tênis

Daí, quando voltamos das férias, o que eu mais queria era fazer aulas de tênis.

Minha mãe me matriculou, em pleno janeiro (ou fevereiro), e aconteceu algo que pode fortemente desencorajar pessoas a aprender tênis: chuva.

Eu lembro exatamente da roupa e tênis que eu coloquei pra ir na aula. Um conjuntinho de bermuda e camiseta amarelinho (malha ou algodão) e um tênis que com certeza não era de jogar tênis. Devia ser um tênis “bamba”

Mas, chovia e eu não podia ter aula. Quadra coberta seria um artigo de luxo na minha cidade. Se até em SP é difícil, imagina numa cidade de 120 mil habitantes.

Mas, chover sei lá quantas vezes seguidas na minha primeira aula, não me fez desistir de começar a jogar tênis. Aquela voz do meu pai dizendo: nem profissional consegue bater uma bola assim! Ela não saía da minha cabeça!

É claro que uma hora parou de chover e eu consegui ir pra minha primeira aula de tênis.

Com 6 meses de aula, o meu primeiro professor, nos deu uma lição de humildade, e me indicou a um outro treinador, pois assim eu poderia evoluir mais meu jogo.

Intensificando a aprendizagem

E assim foi. entrei em um programa de treinamento mais intenso, com 12 anos de idade, mas no ano seguinte o treinador mudou de cidade e eu tive que mudar meu local de treinamento. 

Aos 14 anos, eu eu acumulei alguns pontos no ranking, e isso me dava a chance de participar de um torneio com 3 etapas (Copa Futuro Itaú), onde as 14 melhores do ranking participavam das primeiras etapas, e sempre convidavam mais 2 (completando 16 meninas) conforme o ranking da época. 

Pangaré

E é aí nesse momento que eu me entitulo: PANGARÉ. (eu e a torcida do Corinthians)

Porque nesse momento, com 14 anos de idade, apesar de todo amparo e apoio dos meus pais, eu enfrentei uma situação onde eu poderia simplesmente ter desistido, pois eu tinha uma confirmação concreta e óbvia que eu não deveria continuar persistindo.

Eu levei 6×0, 6×0, 6×1, 6×0 de TODAS, absolutamente todas jogadoras que enfrentei. 2 games foi o maximo q consegui fazer em um set.

E nessa fase, ainda me falavam, que não tinha importância perder, que eu tinha que ganhar experiência, e de certa forma, eu acho que isso tem fundamento, mas tem limites.

Existe uma responsabilidade que todo tenista tem que ter, independente da idade, pois o tenista tem que estar ciente das suas capacidades. Eu tinha 14 anos e não 8…

Essa fase foi de indecisão, pois foi a primeira vez que pensei em parar de jogar tênis. Lembro que naquela época a gente fazia aquelas agendas onde grudava tudo, papel de bala, pedaço de coisas, e lembro que coloquei um pedacinho da primeira corda que estourei. A vida estava ali.

E lembro bem de escrever na minha agenda sobre esse momento de indecisão. Como falar sempre foi muito difícil pra mim, eu me expressava e desabafava no papel. E por isso que minhas postagens sobre tênis começaram com o blog e não com os vídeos…

Não tendo incentivo do clube onde eu treinava tênis, meu pai resolveu me incentivar, treinando comigo todos os dias depois do trabalho, por  uma hora, uma hora e meia, e assim eu continuei indo até pra torneios em SP onde estavam muitas das melhores jogadoras.

O anjo

A vista começou a clarear no mundo do tênis e aos 16 anos, tive uma benção na minha vida, que foi a vinda do Marquinhos pra Botucatu.

Ele me selecionou pra treinar na equipe e foi o único treinador q acreditou em algum potencial q eu tinha, fora meu pai, que não era treinador.

Marquinhos Menezes com seus filhos

Finalmente aos 16 anos aprendi que pra jogar tênis, eu tinha que ter paciência, controle da bola, e controle da minha ansiedade pra poder jogar melhor.

E foi o que aconteceu. Passei a jogar bem melhor, fiquei mais calma, menos ansiosa, aprendi a controlar muitas bolas na quadra, e na época venci a sétima do ranking, que pra mim não era surpresa. Mas pro meu treinador Marquinhos, foi uma grande alegria, pois era um resultado concreto do esforço e dedicação que ele tinha a mim

E vou dizer, olha como a cabeça é importante, em alguns treinos eu tinha apenas meia hora de bate bola com ele. Mas nós batíamos uns 10 minutos e mais 20 ele só conversava comigo. E funcionou muito mais do que as 8h diárias de treino que eu tive logo no ano seguinte.

Pura técnica

No meu último ano de treinos, aos 17 anos, eu me submeti a um treinamento focado basicamente em técnica de execução do golpe e repetições do movimento.

Melhorei tecnicamente com certeza, mas…

Cabeça ruim, sem confiança, sem estratégia nenhuma pra jogar, perdia todos os jogos.

Com 6 meses de treinos, aos 17 anos e meio de idade, parei de treinar com a mentalidade de: “se com 18 anos não deu nada, não vai dar em nada”.

Professora e jogadora

Fui prestar vestibular e passei na FEF da UNICAMP. Com 19 anos comecei a dar aulas na Hípica de Campinas. Ainda sentia muita falta de jogar, pois a rotina de faculdade integral e aulas de tênis à noite não me permitia treinar e competir.

Aos 20 quis voltar a jogar torneios. Mas sem treinar, a única coisa que conseguia fazer era dar slice. Direita e esquerda. E correr. Minhas táticas eram passar a bola pro outro lado e correr.

Regularidade: a tática mais simples pra vencer jogos

Funcionou. Ganhei um monte de jogos. Até da segunda do ranking da minha categoria na época (segunda classe). Resgatei as instruções que recebi do Marquinhos aos 16 anos de idade e entendi que bola na quadra ganha jogo.

Aos poucos voltei a bater uma bolinha, e fui melhorando meu jogo, voltando ao que eu sabia tecnicamente.

Nesse ano, mudei pra Brasília e vi que era fácil jogar torneios porque os clubes e academias eram por perto. Não exigiam que eu gastasse com viagens ou hospedagem pra competir.

Comecei treinando no paredão pois só dava aula pra iniciantes, e fui entrando nos torneios.

E comecei a vencer meninas que estavam a pleno vapor, treinando e competindo por horas todo dia. Justo eu, pangaré, que apanhava desse perfil de meninas aos 14 anos.

O bola na quadra, nunca fez tanto sentido.

Primeira do ranking de primeira classe

E com uma série de bons resultados, cheguei a ser a primeira do ranking de primeira classe em Brasilia.

Ajustando tática e algumas chaves psicológicas.

Mas eu ter me tornado primeira do ranking aos 20 e poucos anos não foi o ápice…Pois ranking não mostra nada, né? Haja visto eu aos 14 anos e jogando entre as melhores de São Paulo.

Continuei jogando, dando aula e fazendo cursos. Aliás os curso que fiz pela CBT (Confederação Brasileira de Tênis), baseados nos cursos da ITF (Federação Internacional de Tênis), foram o que me fizeram melhorar meu  nível de jogo e também a melhorar as minhas aulas.

Até hoje, o meu Mestre, Daniel Rosenbaum, oferece cursos de formação pra professores, e a cada curso eu adquiro informações pra ajudar meus alunos a evoluir no tênis.

Em 2004 voltei pra São Paulo e continuei competindo nos Jogos Regionais e Jogos Abertos. São competições do Estado de São Paulo, onde cada cidade disputa em diversas modalidades.

Aquela pangaré que levava 6×0 em todo jogo, agora era paga pra representar cidades como Avaré, Brotas, Sorocaba, onde tive ótimos resultados junto com a Flavinha Rezende (hoje endocrinologista que auxilia diversos pacientes na busca de sua saúde e melhor qualidade de vida).

Também fui contratada por Jaú, e mais recentemente Araraquara, a qual represento há 3 anos. Sendo contratada AINDA PRA JOGAR PARA ESSAS CIDADES.

A profecia se realiza

E o meu melhor jogo da vida, que na minha concepção foi a maior prova que eu estava jogando bem, foi quando enfrentei a Dadá Vieira, que por muito tempo foi a melhor profissional do Brasil, e chegou a vencer jogadoras de nível Top Ten.

Não venci a Dadá não. Mas fiz um jogo onde tive 2 break points pra empatar o jogo em 4×4, e isso pra mim foi suficiente para validar o que o Marquinhos me disse aos 16 anos de idade: Thais, quando você tiver 30 anos você vai jogar bem melhor do que você joga hoje.

Eu não acreditei.

Mas que ele viu algo que eu não estava vendo.

Deus coloca anjos na nossa vida, mas nem sempre a gente sabe identificá-los.  

E se aquela pangarezinha resolve parar de jogar tênis, parar de aprender, desiste de melhorar, desiste de buscar??

Onde você está hoje que você está desistindo? 

Será teimosia continuar, ou perseverança?

Sutil diferença, que hoje me coloca com uma responsabilidade enorme ao ver meu canal do youtube, onde ensino sobre tênis, ter quase 2000 inscritos e batendo a casa 50 mil vizualizações de vídeos.

Então você, antes de pensar em desistir de qualquer coisa:

APRENDER ESQUERDA

JOGAR O RANKING

JOGAR TÊNIS 

AUMENTAR SUA CONFIANÇA

EVOLUIR SEU SAQUE

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EMAGRECER

FAZER AS PAZES

MUDAR DE EMPREGO

Pense em quantas pessoas você vai deixar de ajudar com o seu exemplo, com o seu esforço sobre algo que você considera importante e que você ama.

E não esqueça da pangaré que um dia virou primeira classe.

One thought on “De PANGARÉ à PRIMEIRA CLASSE

  • Daniel Martins

    Parabéns pelo relato, história de milhões, rsrs…

    Resposta

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